quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Brasil Maior: inovar para competir e para crescer" por Fernando Pimentel


Brasil Maior: inovar para competir e para crescer | Brasil Maior
03.08.2011
Brasil Maior: inovar para competir e para crescer

Fernando Pimentel

Ontem, a presidente Dilma Rousseff lançou o Plano Brasil Maior, a nova política industrial, tecnológica e de comércio exterior do governo federal. Mais do que um slogan de lançamento, inovar para competir, competir para crescer, este é um desafio colossal. As experiências bem-sucedidas de nações que alcançaram um estágio superior de desenvolvimento evidenciam dois importantes ensinamentos, que o Brasil deve ter atenção.

O primeiro é que a história de cada país é formada pelas próprias mãos de seu povo. Não existe, portanto, um modelo de desenvolvimento ideal a ser seguido, como propõe o liberalismo econômico e suas variadas matizes contemporâneas, nas quais se supõe que o caminho do desenvolvimento se dá por um conjunto normativo de conduta racional dos agentes econômicos objetivando o bom funcionamento do mercado e a superação de suas falhas. A crença cega no sistema de preços como mecanismo de autorregulação do mercado tem sido o pomo da discórdia das teorias econômicas, desde o século XIX. Como amplamente evidenciado na historiografia de formação dos mercados nas nações ainda hoje hegemônicas (vide Marx, Polanyi e Braudel), a introdução da moeda, a criação do sistema de preços e o desenvolvimento da economia monetária são construções sociais, surgidas de conflitos antagônicos em geral superados pelo uso da violência e outras formas não canônicas de conduta dos agentes econômicos.

Nesse sentido, o mercado foi construído pela capacidade dos Estados Nacionais instituírem a ordem econômica, começando pela imposição do curso legal da moeda. Ao contrário do imaginário corrente, as trajetórias bem sucedidas de industrialização não foram o resultado natural do funcionamento da mão invisível e sim produto dos esforços dos povos na construção de modernos estados nacionais, com poder de comando sobre o território.

O esforço da inovação será alavanca decisiva na estratégia do salto da nossa indústria rumo ao futuro

O segundo importante ensinamento da história contemporânea das nações é o papel central do conhecimento científico e tecnológico. O que já se sabia sobre o poder social e econômico do conhecimento nas antigas civilizações (orientais e ocidentais) foi imensamente amplificado com o surgimento da indústria fabril como motor da produção material. A entrada no novo milênio significou o terceiro século da civilização sob o domínio do sistema fabril de produção. As quatro revoluções tecnológicas que se sucederam trouxeram em escala crescente o conhecimento para o comando operacional do sistema fabril. Os chamados sistemas embarcados são a expressão maior desse processo, no qual o computador é completamente encapsulado ou dedicado ao dispositivo ou sistema que ele controla. Pela engenharia mecatrônica pode-se otimizar o projeto reduzindo tamanho, recursos computacionais e custo do produto. A próxima revolução será a difusão da impressora em três dimensões diretamente no processo de produção, trazendo a possibilidade de ganhos de produtividade pela produção flexível, o que mudará definitivamente os parâmetros de retornos crescentes pela lei secular da escala e escopo.

Essas inovações radicais no sistema fabril poderão, paradoxalmente, ser aceleradas pela profundidade e extensão da atual crise econômica mundial. A busca de um novo ciclo de ganhos sustentáveis de produtividade, agora sob a pressão ambiental, pode mais uma vez ser o caminho de inflexão da crise e de retomada da expansão econômica. Como em outras crises sistêmicas da economia monetária mundial, a destruição criadora revigora uns e aniquila outros. Na última crise dessa natureza, a grande depressão de 1929, o Brasil saiu melhor do que entrou. Como nos ensinou Celso Furtado em sua Formação Econômica do Brasil, a ação deliberada do Estado foi então decisiva para que o país conseguisse se integrar ao ciclo de industrialização e expansão econômica mundial que se seguiu.

O atual contexto histórico impõe a urgência das medidas que serão adotadas. O grande desafio do Brasil é se preparar para um novo salto da produtividade do trabalho via inovação tecnológica, de tal forma a mudar nossa posição competitiva num mundo em profunda transformação. De um lado, as economias capitalistas mais avançadas mergulhadas na crise, e de outro um grupo de países emergentes, liderados pelo extraordinário crescimento chinês.

O Plano Brasil Maior é uma resposta contemporânea de política de desenvolvimento produtivo a este grande desafio do salto de produtividade. Com um parque manufatureiro e uma rede de serviços avançados, e um sistema de ciência e tecnologia com escala e densidade significativas, a arma principal do país contra o acirramento da competição e apreciação cambial de nossa moeda é explorar as forças conquistadas no período recente, a estabilidade e a retomada do investimento e do crescimento. Mercado grande e em expansão, poder de compras públicas, extensa fronteira de recursos energéticos, força de trabalho jovem e capacidade empresarial constituem ativos institucionais, físicos e sociais formidáveis. Para colocar tais forças em movimento na velocidade exigida, o esforço da inovação será alavanca decisiva na estratégia do salto da nossa indústria, rumo ao futuro.

Fernando Pimentel é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Publicado no jornal Valor Econômico em 03 de agosto de 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

Vem ai a "nova" política industrial, PIB (Programa da Inovação Brasileira)

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"Inovar é a ÚNICA solução"

Deus não dá cobra pra asa. Que belo dia pra se começar um blog sobre empreendedorismo e inovação. Um blog que nasceu da fúria em ver um BNDES dar bilhões pra pecuaristas e mineradores, e nada (nem migalhas) pra empreendedores e suas empresas nascentes (entrepreneurs e suas startups). Esses caras que realmente construirão o futuro dessa nação.

É uma questão de miopia que afeta todos os governos que passaram por aqui. É também uma questão da incapacidade dos empreendedores em expor o que desejam e impor sua visão de peculiar de mundo. Por definição, acreditamos que conseguiremos fazer qualquer coisa sem a ajuda do Governo, o que em parte é verdade. Mas e quando o Governo só atrapalha?

Por essa razão esse blog nasceu, armado de uma pedra e uma foice.


Guilherme Barros – mercado, economia e grandes empresas – iG
O governo se reúne amanhã para discutir os pontos finais da nova política industrial, a ser anunciada na semana que vem.

A tendência é de que a nova política se chame PIB – Programa da Inovação Brasileira.

O nome Brasil Maior, que era até então o escolhido, será parte do PIB. O Brasil Maior tratará exclusivamente de inovação.

A mudança foi uma interferência do publicitário João Santana, responsável pelas campanhas de Lula e Dilma Rousseff.

O PIB deverá ser um plano bastante ambicioso que prevê uma série de desonerações para compensar a perda de competitividade da indústria com a desvalorização do dólar.

Curiosamente, a previsão é de o PIB ser lançado no dia 2 de agosto, mesmo prazo que o Congresso americano tem para elevar o endividamento dos Estados Unidos.